sábado, 17 de abril de 2010

Discurso da Oradora Discente 2009.2 - FECLESC / UECE

Inicialmente, gostaria de agradecer aos meus colegas formandos a confiança que depositaram em minha pessoa, quando me escolheram para proferir, neste dia tão importante para todos nós, algumas palavras que possam expressar o pensamento de toda a turma e servir de reflexão para o início de uma nova jornada.

Como dizia Shakespeare: “Se seus sonhos estão nas nuvens... eles estão no lugar certo, agora construa os alicerces”. Essa frase nos faz lembrar da época em que éramos calouros, quando ingressamos na universidade carregados de alegria, garra e vontade para chegar lá no alto e ao olharmos para este, deparamo-nos com uma escadaria a ser construída repleta de livros, apostilas, provas, trabalhos, teorias... (“santas teorias”), estágios... enfim, percebemos o tamanho do desafio que nos fora dado e o quanto seria difícil alcançar as nuvens. Será que conseguiríamos?

Foi, portanto, neste momento, que tivemos a primeira ideia, enquanto acadêmicos, e a colocamos em prática. Observamos que para chegarmos até as nuvens deveríamos, primeiramente, escalar a montanha mais alta, aquela que nos deixasse lá pertinho do nosso destino final.

Demos vida, então, ao espírito aventureiro que se encontrava camuflado em nosso interior, que muitos de nós nem sabíamos que ele existia, e começamos uma grande aventura no mundo das descobertas. Transformamo-nos em alpinistas e iniciamos a extensa escalada daquela montanha de disciplinas e textos. Assim, cada disciplina cumprida era um degrau atingido, porém, infelizmente, algumas vezes, deparamo-nos com a falta de alguns desses degraus e tivemos que unir nossas forças para que eles fossem postos no lugar correto e não atrasassem nossa chegada lá no alto. Se foi difícil fazer isso? Ah, foi e desgastante também. Mas não paramos e nem devíamos.

Tomamos fôlego e continuamos subindo, com cuidado, pois era necessário além de subir os degraus, prevenirmos uma possível queda diante dos precipícios, o que, lamentavelmente, ocorreu com alguns companheiros e companheiras que se perderam pelo caminho e que um dia pretendemos reencontrá-los.

Nossa escalada não foi fácil mesmo, quantas longas madrugadas tivemos que enfrentar diante de livros? Quantas noites “perdidas”? Quantos passeios e festas adiadas? Mas todo esse sacrifício valeu à pena, encurtou nossa trilha e fez com que chegássemos até aqui, pertinho das nuvens, firmes e fortes. Afinal, tomando as palavras do glorioso Friedrich Nietzsche: “Aquilo que não me mata, só me fortalece”.

No entanto, senhoras e senhores aqui presentes, gostaríamos de registrar nossa profunda tristeza quando alguém se volta para nós e pergunta que curso estamos concluindo. Ao respondermos que estamos concluindo um curso de licenciatura plena, somos olhados, muitas vezes, com indiferença e logo nos é perguntado: “- Ah, e você quer ser professor? Por que você não fez medicina, direito, enfermagem ou administração? Sei lá, outro curso melhor. Ser professor hoje em dia não tem futuro. É muito difícil: trabalha-se muito e ganha-se pouco”.

Senhoras e senhores, lastimavelmente, uma das grandes dificuldades enfrentadas por quem faz licenciatura é a falta de incentivo da sociedade, que chega a ver nossa formatura menos digna do que a de outros cursos. Age como se estivéssemos cometendo um atentado ao nosso próprio bom senso simplesmente por nos tornarmos professores.

Ora, nós não estudamos menos, não nos esforçamos menos, não tivemos ambições menores e não trabalhamos menos que qualquer formando de outro curso.

Gostaríamos de que as pessoas que ainda têm esse pensamento pequeno e ao nosso ver, medíocre, percebessem que estamos aqui por opção, ainda que essa opção tenha sido direcionada por diferentes fatores.

E aproveitamos para refrescar-lhes a memória de que todos os médicos, advogados, administradores, políticos e os demais profissionais notáveis em nossa sociedade, indiscutivelmente, passaram pelos ensinamentos de muitos professores. O que significa dizer que a nossa formação é essencial às outras formações, desde a Educação Infantil aos últimos níveis do Ensino. Somos importantes sim e ficamos felizes quando somos reconhecidos conforme merecemos.

Sem mais delongas, gostaria de agradecer a todas as pessoas que direta ou indiretamente contribuíram para que eu e meus demais colegas estivéssemos aqui, nessa brilhante festa saudando a conquista do nosso tão almejado diploma de Nível Superior.

Peço licença, neste momento, para encerrar minha oratória com a seguinte frase proferida um dia por D. Pedro II: “Se não fosse imperador, desejaria ser professor. Não conheço missão maior e mais nobre que a de dirigir as inteligências jovens e preparar os homens do futuro”.

Meu muito obrigada!


Suely de Sousa Lima





 

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